segunda-feira, 16 de março de 2009

Viver como as flores

Num antigo mosteiro budista,
um jovem monge questiona o mestre ...
Mestre, como faço para não me aborrecer?
Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes.
Algumas são indiferentes.
Sinto ódio das que são mentirosas.
Sofro com as que caluniam.
- Pois viva como as flores! - advertiu o mestre.
Como é viver como as flores? - perguntou o discípulo.
Repare nas flores, continuou o mestre, apontando os lírios que cresciam no jardim.
Elas nascem no esterco, no entanto, são puras e perfumadas.
Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável, mas não permitem que o azedume da terra manche a frescura das suas pétalas.
Os defeitos deles são deles e não seus.
Se não são seus, não há razão para aborrecimento.
Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora.
Isso é viver como as flores.

5 comentários:

  1. David! Viver como as flores chama-se Vegetar. Podemos, no entanto, vegetar com a cabeça enfeitada com flores. Muitos tentaram (chamaram-lhes hippies; gays, pacifistas; etc)...a intenção é boa, mas quando o senhorio vem cobrar a renda da casa não aceita uma flor como pagamento. O senhorio pode representar o "esterco", o hippie pode abdicar da casa e fugir para o campo, mas como o seu organismo é diferente do vegetal, quando ficar doente vai querer tratar-se (não quer morrer como uma flor). O sistema de saúde vai-lhe cobrar o tratamento médico, e não vai aceitar uma flor como forma de pagamento...bem, vou ali regar umas flores com urina humana, pode ser que se estabeleça uma espécie de sociedade com futuro. Abraços

    ResponderEliminar
  2. ...Mas a mensagem é boa:"don't look back with hunger". Dar concelhos é sempe mais fácil do que concretizar...

    ResponderEliminar
  3. Francisco
    Viver como as flores poderá ser vegetar se seguires o texto á letra mas se o utilizares como um metáfora, a abordagem ganha novos contornos, talvez mais interessantes.
    A ideia será de te fazer reflectir!
    O facto de tudo á minha volta poder ser um monte de esterco não com que eu também seja um monte esterco ou que tenha de me comportar como um monte esterco! O ideal, e é de isto que estamos a falar, será aproveitar de todas as experiências na vida, isto agora é pura economia, optimização de recursos, mesmo nas mais negativas, algo que possa contribuir para o nosso crescimento como seres humanos e não como um monte esterco!
    Os Hippies até que eram giros.
    Muito loucos e ganzados...mas enfim o tempo deles já foi...
    Teve uma razão de ser e obrigou a sociedade a mudar, inclusive incorporando na nossa "filosofia economicista contemporânea" muitas ideias desenvolvidas, apesar de tudo por alguns personagens da nossa história que fizeram parte daqueles movimentos!
    Gosto da tua alegoria ao senhorio, mas quanto a regares as plantinhas com a tua urina, já acho mal! Coitadas! Mereciam melhor!
    Há por aí umas seitas de marados que tem uma alimentação especial e que bebem a própria urina todos os dias com forma de erradicar doenças que podem ser desenvolvidas no próprio organismo devido a desequilíbrios do meio, segundo eles, claro!

    ResponderEliminar
  4. Custa-nos sempre aceitar as coisas como elas são...
    Primeiro, porque normalmente só vemos a aparência das coisas e depois porque somos educados para julgar tudo o que vemos e por isso temos sempre preconceitos, especialmente para aquilo que não faz parte do nosso "vocabulário" mais corrente...
    Ou seja temos de catalogar tudo o que sentimos ,vemos ou experenciamos, porque senão o "desconhecido", assusta-nos de tal maneira e abala de tal maneira o nosso mundo que a única maneira que temos de o enfrentar é defini-lo dentro de um léxico nosso conhecido para que passe a deixar de ser desconhecido e assim deixarmos de ter medo dele.

    ResponderEliminar
  5. A metáfora da flor claro que é boa (e é mesmo para ser entendida como metáfora). Mas sem querer parecer demasiado advogado do diabo, é mt dificil ser-se flor rodeada de esterco. Isto porque tudo o que o homem faz, pensa e produz, é fruto da influência do contexto sobre ele mesmo. os individuos são fruto da cultura que os germinou.
    No meio do esterco, uma flor levanta suspeitas, e mesmo que ela até seja autêntica, a maiora estercosa vai logo atacá-la, tentar destrui-la por não suportar a sua diferença,inclusivamente procura com raiva provar que essa flor é um esterco hipócrita, disfarçado de flor. Este é um problema comum entre os homens, sobretudo nas organizações mais primárias, tipo clã. Nos clãs o esterco é venerado como sinónimo de virilidade e força (dessa situação nasce a eleição de um cacique mor, um atrasado mental, que é eleito pelo rebanho). A ilha da Madeira é um exemplo, mas tb existe em grupos pequenos. As personalidades fracas e os débeis mentais (o esterco geral)elegem uma espécie de "lider" que é aquele que vai dar voz às trivialidades e baixezas que constituem as opiniões do esterco. O cacique, atrasado mental, é o fantoche que alimenta o ego com os aplausos do esterco geral que o elegeu. Vive inchado e vaidoso do seu reinado de esterco, rodeado de lambe-botas.
    Só uma "flor" naif vai escolher desabrochar nesse contexto (mas acontece, claro!). Há estercos onde é impossivel buscar alimento ou levar uma existência melhor, e nesse caso mais vale procurar um outro jardim onde o adubo seja mais receptivo. A realidade humana é, infelizmente, composta por demasiado esterco, tornando dificil seguir o conselho do buda. A arte é uma das poucas actividades humanas em que o esterco é devidamente rebaixado e colocado no lugar de onde nunca devia ter saído.

    ResponderEliminar